Artigo na Revista
Mulher Africana

TRECHO DA MATÉRIA

GRANDES MULHERES AFRICANAS

Como educadora, orientadora, mãe, e principalmente como mulher, sempre acreditei na capacidade que os encontros têm de transformar as pessoas e o poder des- sas pessoas transformarem o mundo. Em meio a pan- demia, momento sem precedentes, a escola se tornou uma construção distante. Os encontros virtuais de estu- dantes e professores ocuparam um espaço de desafio para aprendizagem.

No início deste ano, no papel de professora e orienta- dora emocional incentivei os estudantes na faixa de 15 e 16 anos de idade juntamente com o Colégio Taboão si- tuado na cidade de São Bernardo do Campo- SP/ Brasil a participarem de um concurso cultural da Plataforma de nome Árvore Livros, o Concurso releituras da Memória que foi uma oportunidade para incentivar a leitura com nossos alunos e lançar novos olhares para as identida- des negra e indígena, ressaltando a importância da me- mória para a construção de novas narrativas.

Incomodadas com a falta de visibilidade para a real im- portância da mulher negra no mundo, um grupo de cinco meninas decidiu que, juntas poderiam escrever, ler, de- clamar e ao mesmo tempo lutar por uma causa usando

a inspiração dos livros que leram usando o poema para participarem da batalha de Slam (palavra surgida em Chicago, em 1984, e hoje a poetry slam, como é chama- da, é uma competição de poesia falada que traz questões da atualidade para debate, é uma expressão inglesa cujo significado se assemelha ao som de uma “batida”) no espaço que lhes foi cedido para a circulação da produção de arte, cultura e conhecimento protagoni- zando o ideal de cada uma, pesquisando a história de grandes mulheres africanas.

Veio, portanto, a ideia de criar um trabalho para dar visi- bilidade a essa luta e, ao mesmo tempo, impulsionar sa- beres e fazeres de mulheres negras do mundo. Nasceu, então o propósito mais relevante da vida dessas jovens. E nem elas acreditavam nessa força motriz que invadia cada uma delas – “Minha experiência em trabalhar em um projeto tão significante não poderia ter sido melhor. Foi e está sendo muito gratificante essa sensação de vi- tória. Como fiquei encarregada pela pesquisa pude des- cobrir muitas coisas para ajudar no poema. – comentou Nadine Nini (estudante).

Penso ser trágico caber justamente à parcela mais vulnerabilizada o empenho de materializar mudanças necessárias. “Estudar sobre a cultura africana e repre- sentar algo tão forte, foi extremamente importante e re- presentativo para mim. Foi uma experiência marcante na minha vida! – disse Júlia Fideliz (estudante).

Esse tem sido um fardo que mulheres pretas carregam desde as primeiras vivências de racismo na infância e precisamos não só discutir a respeito, como lutar pelo respeito. Sempre penso como podemos trabalhar isso com as crianças e adolescentes de uma forma natural, para que eles se sintam partes do processo da constru- ção da cidadania e empatia.

Dessa vez, estive como facilitadora de uma vivência, diariamente tento deixar sempre uma página em branco para que os jovens escrevam seus anseios e decidam como querem observar e avaliar o que lhes é apresen- tado, pois nada pronto exerce uma magia a essa gera- ção. Opinar com bases sólidas de informação tendo um espaço livre de julgamentos para discussão resulta em

GRANDES MULHERES AFRICANAS

uma juventude elucidada e feliz.

A reação da banca julgadora responsável por escolher dentre quase 4 mil trabalhos ao assistir o vídeo final construído por essas cinco meninas, foi de encantamento, orgulho e felicidade pelo total entendimento à proposta do concurso. Não é à toa que ficaram em 1º lugar no concurso. Junto ao vídeo provocativo veio uma avalanche de parabenizações, muito merecidas por sinal.

Como educadora aprendo a cada dia com as dinâmicas desses jovens. Eu me divirto com a capacidade criativa e forte deles, querendo coisas como mudar o mundo ou ter superpoderes inimagináveis para acabarem com o preconceito, a pobreza, a falta de respeito, a violência contra a mulher.

Que eu nunca perca essa minha capacidade de aprender com eles, com elas, com todos.

 

 

Link do VÍDEO VENCEDOR – GRANDES MULHERES AFRICANAS

 

 

Mônica Fragato

Educadora, orientadora educacional e emocional no Colégio Taboão, empresária e comunicadora, é idealizadora da Startup Aproxima criada em San Francisco – Califórnia.

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